sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Um dia acordei e era transparente

Juro, transparente.
Só não sei há quanto tempo isso foi.
Mas hoje acordei transparente há demasiado tempo.
Demasiado.

?

Eu gostava de saber quem é a entidade suprema que regula o desinteresse.
Não posso crer, que me tenha posto a MIM, na lista do dito. Quero lá ir escrever no livro da cor da cara dos simpsons.

Até me emocionou

dois progenitores, masculino e feminino, que já foram um dia casados, partilham a guarda de dois menores.
quinze dias na casa da mãe, quinze dias na casa do pai.
e funciona!
os miudos levam a vida numa normalidade desconcertante.
e isto, sim, é que realmente importa.
(mas que ninguém se iluda, isto só resulta se houver uma elevação moral absolutamente fora do comum, por parte dos pais.)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

E dito isto

preocupem-se mazé com os tiros nos pés que deram durante toda a sessão da manhã, que eu tenho mais que fazer. Trabalhar, por exemplo.

E no dia em que tal acontecer

é porque foi promessa ou uma merda assim.

Eu já disse que não sou pessoa de vestir fatinhos e camisinhas de gola dura,

Portanto, lixai-vos, óraite cámóne?

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Moral da história, é-me muito dificil ultrapassar esta merda toda

Aconteceu-me uma coisa há uns meses que me magoou profundamente.
Quer dizer, já me tinha acontecido outra, que me tinha magoado incomensuravelmente mais e por causa disso andei aí como um cão da rua e por causa disso andava sem pêlo e magra como um cão da rua e sem ninguém que me desse um osso para eu me entreter, enfim, andava aí mesmo toda fodida.
Esse circunstancialismo, o do cão da rua, fez com que de vez em quando rosnasse e mostrasse os dentes.
Mas não era a quem me dava um osso de vez em quando, não, que a essas pessoas, mesmo sendo da rua, eu cão era agradecida, era a pessoas que se estavam bem a cagar para o facto de eu estar um cão da rua.
Ah, era uma cão tão lindo e agora anda prái a rosnar e a mostrar os dentes ou então a passar pela gente sem abanar o rabo, o cabrão do cão.
E então, um dia, alguém vai de fazer queixa à Camara Municipal, a dizer que andava ali um cão mal disposto, a rosnar sem ter razão.
Os fiscais da Câmara vieram logo, de açaime e com aquelas cenas que são um pau comprido com uma argola na ponta, que é para agarrar o cão de longe, não vá o bicho morder, ou uma merda dessas.
Encontraram-me acossada, encostada ás redes, sem possibilidade de fuga, e eu ouvia-os dizer, que sim, era um cão sarnento, malcriado e mal disposto, que já lhe tratavam da saúde, que ia ver o que era bom para a tosse... e a pessoa que chamou os fiscais toda exaltada a dizer, levem, levem, que não faz falta a ninguém, não abana o rabo, não senta nem rola, não faz nada de jeito o raça do cão, isso, isso, levem daqui esse animal...
E se bem pensaram, os fiscais assim fizeram, atiraram-me com o tal pau, apanharam-me pelo pescoço, fui de zorro até à carrinha que me conduziu ao canil.
Eu sabia que era uma questão de tempo até lá meterem outro cão da rua igual a mim.
Mas no tempo que lá passei sozinhinha, só pensava mas por que caralho aquela gente não foi capaz de me dar um banho, um prato de comida e uma manta para eu me deitar?
E depois, se eu ainda assim mordesse na mão que me deu de comer, então entregavam-se a quem quisesse aturar cães de rua mal agradecidos...
E como dizia no inicio, isso magoou-me profundamente.
Porque nem a um cão da rua, quanto mais a mim... fôda-se!

Assim de repente

Entendi como se sente o Martim Manhã.

Há mais...

Olha em volta, aponta para os meus óculos escuros, que estão ao lado da chave do carro e diz:

E também queria andar de óculos a conduzir, e tudo.

(sendo eu fumadora, trabalhadora, utilizadora de óculos escuros e condutora, olho por mim abaixo e penso que se calhar será melhor eu não me levantar, não vá o senhor apontar para o meu vestido e dizer que ela também queria andar com as pernas à mostra do joelho para baixo)

Chega aqui e diz que se quer divorciar

porquê?
porque ela fuma e trabalha.

Plano de austeridade

Fico feliz por não gostar de atum.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Acho bem.

Para terminar:

"Agora deu-lhes para isto! Ainda hoje ouvi na televisão que foram apresentadas mais de 15.000 queixas por violencia doméstica este ano... é moda! É como os crimes de abuso de confiança fiscal."

(poizé! tal e qual)

Continuação, parte II

"O senhor nega ter algum dia batido na sua esposa?"
"Nego"
"E também nega algum dia ter privado a sua esposa de ter chave de casa e do carro, nega isso também?"
"Han?"
"Senhor Fulano, o senhor algum dia tirou as chaves de casa e do carro à sua esposa?"
"Ah, isso sim"
"E fê-lo como? Ela entregou-as de livre vontade a si? Não, pois não?"
"Não"
"E o senhor, tirou-lhe as chaves e guardou-as noutro sitio ou como foi?"
"Tirei-lhas... foi, tirei-lhas"
"E tirou-as como?"
"Arranquei-as"
"AH! Então tirou-lhas com violência, foi isso?"
"Ui, aquilo foi assim tipo uma brincadeira, ela puxava para um lado e eu puxava para o outro, o meu filho viu, mas era uma brincadeira que nós fazíamos, uma brincadeira, sabe como é?"

(não, não sei, senhor abusador, não sei)

Continuação:

"Olhe, a sua esposa saiu, quer dizer, fugiu de casa, não foi?"
"Foi"
"E foi para uma casa de acolhimento da APAV, não foi?"
"Foi"
"E o senhor sabe porque é que tal situação aconteceu?"
"Eu não."
"Tem a certeza?"
"Ah, se calhar queria liberdade... (pausa) queria ver o mundo. Se calhar foi isso."

(pois foi, queria ver o mundo através dos olhos todos fodidos, inchados e negros. se calhar foi isso)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Realmente... se foi só isso...

E perguntava o Sr Dr numa inquirição demasiado inflamada para a parca audiência que tinha:
Então, pelo que me está a dizer, foram só o quê? Uns beliscões nas pernas? Impropérios? Puxões de cabelo? Foi só isso? FOI SÓ ISSO QUE LHE FEZ O SEU MARIDO?
Não, Sr Dr. também me atirou contra um guarda fatos que a porta até partiu.
Ah, então foi só isso, não é? Sim senhora.
(e recosta-se na cadeira com ar enfadado, ensaiado, claro está, mas mais uma vez, demasiado, para a parca audiência)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Amor é:

Escrevi isto aqui, não foi?

Hoje, o correio trouxe-me mimos, beijos, abraços, festinhas e tudo o que eu precisava.
(Bastava o bilhete, Joana... bastava o bilhete...)


...

Na semana em que o meu filho faz 15 anos, a minha filha faz 15 meses.
E é esta.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Queria aproveitar este espaço

Para desejar o melhor que o mundo (que até é pequeno para ela, mas vá) lhe tenha para oferecer.
Que agarre com unhas e dentes, que vá em frente sem medos e que the time is now e a hora é dela.
Desejo também que se ponha a assoberbar e matar de espanto quem lhe aparecer à frente nos próximos tempos, com os textos que escreve e com a criatividade que tem.
E queria dizer também:
Margarida, gosto mesmo muito de ti.

Quanto ao Prémio Nobel

É isto.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

E quando acordas e não queres?

Sim, não queres acordar, não queres deixar de dormir, não te apetece passar do plano dormir para o plano acordar? Não é aquele não querer acordar de ai eu queria era estar na caminha, que está frio lá fora e que tenho que trabalhar que aborrecimento e que o IVA vai para uma percentagem pornográfica e eu queria era ficar a dormir, não não é esse. É o outro. É não querer participar de todo esse plano absurdo que é o plano em que se encontram as pessoas que têm, efectivamente, de viver. Que remédio, é a vida... temos que a levar para a frente, lá terá de ser, que remédio...
NÃO QUERO ISTO!
Para ser essa merda, não quero, ok?
Ok.

Ando mesmo precisada de:

Palmadinhas nas costas
Beijinhos na cara
Festinhas no braço
Abracinhos apertados,
Palminhas para a Rachel

E

Um casaco de inverno da Globe, com mangas três quartos e forro rosa velho.
Umas botas em pele castanhas muito caras
Sapatos de salto alto e sola compensada para não magoar os pés
Camisas brancas de bom corte
Um vestido azul escuro
Cintos de várias larguras e cores, para meter por cima dos vestidos
Meias opacas cinzentas, azuis escuras e pretas
Uma base nova da Cargo
Um blush novo
Um lip gloss novo da Lancôme, que o meu, Joaninha, acabou esta semana!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Por exemplo, ouço isto e choro que nem uma perdida...

Para além disso

Ando a deprimir aos bocadinhos.
Quando tenho um tempinho, vou deprimir.
Mas deprimo muito bonito. Primeiro ouço uma musica que me faz doer a alma, depois começo a pensar em todas as merdas que me consomem a dita, depois o beicinho a tremer, choradeira desenfreada, choro, choro, choro e depois, ai jesus, que horas são, ai que tenho tanta merda para acabar, ai que estou tão fornicada, ai os prazos, ai os contratos, ai os telefonemas que ainda tenho para fazer, ai as compras do Pingo Doce, ai os miúdos, ai caralho que me ía esquecendo da miúda sozinha no infantário, aiiiiiiiiii...

E pronto, é assim.
Deprimo nos intervalos da minha miserável vida.

É uma depressinha, mais do que uma depressão, mas é tudo como manda o figurino, com sangue suor e lágrimas...

...

Bom,
A semana passou.
O fim de semana também e eu nem dei por ele.
Sempre enfiada nestas quatro paredes, que me deixam à beira da demência.
Vou fazer serão e feriadão.

Tenho uma vida muito estupida.