terça-feira, 24 de abril de 2012

também é verdade que pouco ou nada tenho para dizer.
desde que este desgoverno, que é o conjunto de textos que aqui fui deixando, nasceu, cresci em todos os sentidos (expressão altamente inovadora), sendo que crescer para os lados foi o que mais me custou, nasceu-me a minha filha, que parece que não, não é só fofices, abracei um projecto novo (gosto da expressão, dá-me um ar sério), e com este projecto novo, decaíram quase para o zero as gargalhadas com a própria profissão, depois a crise e o caralho, deixou o pessoal taciturno e já nem eu me rio de mim própria. depois comecei a pensar duas vezes (só duas, mais não) no que escrevo, deixei de comentar blogues que gostava e os que não gostava também, enfim...

já não sei bem para que é que isto serve, sinceramente.
nem dinheiro ganho com esta merda, pah!

tenho saudades

... do tempo em que me divertia muito com o blog. com o meu e com os dos outros.
tenho mesmo muitas saudades...
muitas.
mesmo.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

caríssima eu:

já ninguém te aguenta.
sempre com a asa caída, o pêlo macilento, os olhos pequeninos...
(custa-me ver-te assim.)
tenho assistido, com muita mágoa, ao desenvolvimento negativo das minhas coxas e rabo.

e é assim a minha vida.

se estou preocupada com isso?
fuck yes! claro que estou! é evidente que sim!

se tenho feito alguma coisa para travar a desgraça?
não. envergonho-me, mas não.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Joana

A Joana é minha amiga desde que nasceu. Eu nasci primeiro, portanto, quando ela veio ao mundo, já eu cá estava.
Na verdade, a Joana nasceu e que remédio teve então, senão ser minha amiga.
E assim continua até aos dias de hoje.
Não sei bem porquê, porque na realidade eu sou péssima a manter as minhas amizades. Aliás, na realidade, eu não sei como ainda tenho amigos, principalmente desde que fui acometida desta condição física que me tem trazido triste, muda e queda.
A Joana é a minha mais "velha" e melhor amiga.

A Joana é do tempo em que na casa dos meus pais havia só um tanque com girinos que transformávamos em piscina nas férias de verão, um morangal, tangerineiras e a casa das bonecas.

A Joana é do tempo em que havia viveiros de lampreias em casa dos meus pais, com as ditas lá dentro, tantos eram os bichos desses que davam ao meu pai, na época delas.

A Joana é do tempo em que o engarrafamento do vinho verde era uma coisa do caraças e uma estopada sem fim, para quem, como eu, tinha que escrever e colar os rótulos pequeninos nas garrafas.

A Joana é do tempo das Caravanas do PSD com mais de 10 km de carros uns a seguir aos outros.

A Joana é do tempo das férias na praia de Faro, do bronze dela e dos meus escaldões.

A Joana é do tempo em que ainda havia papel de parede e alcatifa na casa dos meus pais.

A Joana é do tempo em que ainda não havia aquecimento central em casa dos meus pais, só salamandras, uma lareira, aquecedores e uma ou outra escalfeta.

A Joana é do tempo em que a minha mãe não nos deixava sair à noite.

A Joana é do tempo em que as duas tínhamos avós vivas e com saúde, a morar na mesma cidade, no centro do país.

A Joana é do tempo em que a Rua Dias Ferreira e a Rua da Sofia, em Coimbra, eram as nossas moradas durante grande parte das férias grandes.

A Joana é do tempo em que eu ainda não ia ao cinema, mas sabia o Top Gun de trás para a frente, tantas vezes ela mo contou.

A Joana é do tempo em que tirávamos as letras das musicas dos Gun's e cantávamos aquilo tudo.
E ainda:

A Joana vivia na Parede e estudava no St Julian's School e eu eu vivia em numa Vila do interior e estudava na Escola Secundária da minha área de residência.

A Joana era educada e direitinha, eu era estouvada e arruaceira.

A Joana descascava a fruta com os talheres e eu não.

A Joana quando vinha de férias trazia malas muito bem organizadas, com roupa impecável. Eu ficava parva a olhar para aquilo.

A Joana com 12 ou 13 anos, trazia na mala um perfume da Benetton e creme para o corpo, Nívea frasco grande azul escuro. Eu tomava banho e pouco mais.

A Joana era e é, sem esforço nenhum, arrumada, meticulosa e espartana, eu era desarrumada e desorganizada e hoje, para me contrariar, tenho de fazer um grande esforço.

A Joana tem, nos dias de hoje, roupa que vestia quando tínhamos 13 anos, eu não tenho uma única peça de há 5 anos atrás, quanto mais...

A Joana foi do tempo, esteve no tempo e é do tempo

E eu, que sou uma merdas duma amiga, ainda nem lhe perguntei como é que correu a operação do filho dela.




coisas que me fizeram sorrir, ditas da maneira que foram:

"... e eu lá fui falar com ela, que achou tudo muito optimo, mas depois levou-me um dinheiro enorme. eu saí de lá a achar aquilo tudo muito péssimo."

muito espectacular.