sábado, 12 de abril de 2008

Eu, as conversas na rádio e a “Prova Oral”


Gosto de programas de rádio com conversas ou de conversas.
Gosto de noticiários e de “fóruns” de discussão. Gosto mesmo de ouvir pessoas a falar…

Ouço invariavelmente Antena3 e as pessoas que lá conversam, só mudo à hora certa para ouvir as notícias, ou o fórum da TSF, quando viajo a essa hora.

Como há anos que conduzo mais de 100 Kms todos os dias e sozinha, quem me faz companhia são os senhores e senhoras que conversam na rádio.
E, ouvindo todos os dias os mesmos sujeitos, a falar na primeira pessoa, sobre gostos e desgostos, curiosidades, preferências e coisas do quotidiano, surgem necessariamente laços e empatias. Unilaterais é certo, mas que resultam para mim, que os ouço, numa sincera familiaridade.

À custa das conversas que vou ouvindo, interiorizei factos e particularidades da vida dessas pessoas. E porquê, pergunto-me tanta vez?!?! Quando leio uma qualquer entrevista, numa qualquer revista “del corazon”, não retenho nem meia linha, leio e acabou, está lido… passa à frente e siga a fila!
Porque é que com as pessoas que conversam na rádio é diferente?

Bom, os relatos são feitos pelos próprios, ao vivo, em conversas dispersas… se calhar por isso, retenho-os como se tivessem sido relatados a mim, numa conversa, num jantar de amigos… como se fossem meus amigos.

É tudo muito informal, sincero, espontâneo, não é resultado duma entrevista, com frases feitas, lugares comuns e clichês absurdos.
Parece-me tudo tão "real life"… sem existir ao mesmo tempo, qualquer devassa da vida privada. É porreiro, pá…

O que me levou a escrever este post foi precisamente um programa de conversas, na Antena3, onde também nós, podemos conversar – Again É porreiro, pá.

E porque é que, é porreiro, pá??
Bom, principalmente durante as viagens de regresso a casa, aproveito para fazer todo e qualquer tipo de telefonema: Para as minhas amigas, para a minha mãe, para a minha empregada, para o Sr. que me está a fazer uns móveis, para o cabeleireiro a marcar hora, para o dentista do meu filho, para os meus colegas de profissão, para os meus clientes… só não ligo para a minha cadela porque ela não fala ao telefone… ainda.

O problema é, que esgoto rapidamente a minha “quota” de telefonemas…

E depois, ligo a quem, caraças?
Bom, ligo para a “Prova Oral”… é como já disse em cima, depois de tantos anos a ouvir as mesmas pessoas a conversar, eles também já são amigos…

Já liguei e entrei em directo algumas vezes, umas intervenções correram melhor que outras, mas afinal… são assim as conversas… umas melhores, outras piores.

Só não entendo o espanto de algumas pessoas: “Foste tu que ligaste ontem para a “Prova Oral”?!?!?
Fui, porquê?!?!? Há crise?!?!?

E já ouvi todo o tipo de comentários:
Os delicados como: “foi giro”, ou “estiveste bem”
Ou os incrédulos (e são estes que não entendo) como: “tens uma lata”, “foste mesmo tu?”,
A última que ouvi foi esta: “Hei pá, que tristeza, ligaste para quê?”

Não entendem, eu passo a explicar:
Eu ligo para conversar, qual é a grande interrogação acerca disto? Não ligo para ser ouvida, ligo para conversar, Ponto Final.
Paragrafo: Quando ligo identifico-me só com o nome próprio e a idade, não digo sobrenome nem profissão. Não é por ter vergonha do meu sobrenome, ou da minha profissão, nem pensar, é porque se os disser, vai dar azo a mais comentários palermas.

“O que é que anda (ou não anda) uma Advogada a fazer, para ter tempo e pachorra para ligar para um programa de rádio, será que não tem trabalho para fazer ou coisas sérias para resolver?”

Eu respondo: TENHO PÁ! E MUITO!
Mas trabalho deslocada do sitio onde moro, faço mais de uma centena de Kms por dia, e em virtude do tipo de situações com que tenho que lidar todo o Santo dia, no final só me apetece desligar, deixar de pensar, de raciocinar, de alegar, de litigar… e enquanto conduzo...

...Conversar!

1 comentário:

Quebra Ossos disse...

També adoro a prova oral e deixa-me dizer uma coisa, o teu blogue está muito bom!