e depois uma pessoa pensa: olha que bem, vou escrever sobre isso, sobre como mesmo que magras e arranjadinhas o corpo muda e nunca mais é a mesma coisa (mas que caralho, tenho 36 anos e dois filhos paridos!), mas ligamos o reader e constatamos que já ALGUÉM escreveu sobre isso e descreveu a cena em condições, e sendo assim, em vez de estar aqui a esforçar-me, com a intima convicção de nunca conseguir chegar aos calcanhares e expressar-me de maneira, sequer, parecida, opto pela solução mais digna para a minha pessoa, que é fazer copy/past do texto, com o devido link para a:
quem mais? 
Voltei a caber na 38. Voltei a comprar vestidos curtos. Voltei a pesar  57 quilos. Mas não voltei ao meu corpo. Explico-me. As minha mamas, as  desgraçadas, não são nem a sombra do que foram num passado glorioso,  aquelas mamas soberbas que tantas alegrias me deram. Nada, uma pena,  maravilhas da maternidade, do aleitamento materno e da puta da  gravidade. E tenho na barriga uma bóia de banha com todo o aspecto de  querer ficar-se instalada com carácter permanente, a ordinária. Ah, e as  ancas alargaram. Desta não estava à espera. Nem sei que dizer em  relação às minhas ancas novas, nem se gosto, se desgosto, ainda nos  estamos a conhecer, dêem-nos tempo. Ou seja, tenho um corpo antigo cheio  de aplicações novas. Mas, olha, estou contente. Vejo-me ao espelho  dentro deste vestidinho novo que comprei a semana passada na Zara por,  acho, trinta e tal euros, e acho-me gira, mesmo gira. Ora se eu marco 36  anos no BI e pari dois filhos, porque carga de água o meu corpo deveria  ter 25? Sim, claro, posso matar-me a spinning e a disparatadas corridas  de duas horas à volta do Retiro, puxar as mamas para cima, besuntar-me  com cremes anti-idade, recachutar-me e remodelar-me, mas o meu corpo  continuaria com 36 anos. Posso voltar a pagar 140 aurélios por duas  aulas semanais de pilates, mas a quem quero enganar? Quero parecer a  idade que tenho. Não quero ser a Demi Moore, nem a Sharon Stone, que,  desculpem-me, não estão nada bem para a idade que têm porque elas odeiam  (por muito que confessem às Vogues e Elles o sábias que se sentem) ser  velhas, têm horror dos braços flácidos e das rugas do pescoço. E isso  não é estar bem, é ser-se muito infeliz com o corpo, com o esqueleto que  nos sustenta. É ser-se escravo de uma fantasia absurda. E eu não quero  que essa fantasia me persiga quando fizer 40 anos e a celulite acampar  alegremente nas coxas, ou quando aos 50 as minhas mãos apresentarem  rugas e manchas. Não é resignação, é aprender a sorrir todos os dias  quando me olho ao espelho. 
 
1 comentário:
E a verdade é que um corpo com mais de quarenta, com marcas da idade (não dos filhos, que não os tive) que também não me esforço por apagar embora vá tendo uns cuidados para a coisa não se tornar dramática, pode dar-nos tudo ou muito mais (importante) do que o que nos dava aos vinte. Acreditem que sei bem do que falo.
Cláudia
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