A prática isolada da Advocacia, nos moldes em que é exercida em comarcas pequenas, é um barril de pólvora.
Eu sei do que falo.
Eu não tenho serviço de help-desk, eu não tenho nada a separar-me de quem me procura, a não ser uma secretária; as pessoas confundem todos os dias os planos e não entendem que eu só presto serviços a quem mos solicita.
Já me riscaram o carro várias vezes, já me escreveram cartas anónimas, já me ameaçaram directamente, já o fizeram por interposta pessoa, já me insultaram em pleno Tribunal.
Nem de propósito, ainda na segunda-feira tive uma grande chatice no Tribunal, com o fulano que estava a patrocinar, que apareceu bêbado que nem uma carroça, de tal forma que dois militares da GNR, que por mero acaso se encontravam no átrio, se ofereceram para me levar ao carro; já tive medo muitas vezes; já disfarcei o medo outras tantas; já tive que me trancar dentro do carro e assistir, em pânico, a um fulano que desatou ao pontapé e ao murro à viatura, com a senhora Solicitadora, grávida de sete meses no lugar ao lado;
Depois faço umas piadas, brinco e satirizo as situações e acho que fica sempre tudo bem.
Mas hoje, quando li que tinha falecido o meu Distinto colega de Estarreja, que foi alvejado dentro do seu próprio gabinete, pelo marido duma cliente patrocinada numa acção de divórcio, vieram-me as lágrimas aos olhos.
É um perigo. E nós achamos que desgraças só acontecem aos outros.
Vale realmente a pena arriscar a própria vida, por esta profissão, pelos clientes, pelo sistema judicial?
Não, não vale.
Os meus mais sinceros sentimentos à família do Dr. João Melo Ferreira, ilustre Advogado, que faleceu no exercício da profissão e às mãos da intolerância.
Eu sei do que falo.
Eu não tenho serviço de help-desk, eu não tenho nada a separar-me de quem me procura, a não ser uma secretária; as pessoas confundem todos os dias os planos e não entendem que eu só presto serviços a quem mos solicita.
Já me riscaram o carro várias vezes, já me escreveram cartas anónimas, já me ameaçaram directamente, já o fizeram por interposta pessoa, já me insultaram em pleno Tribunal.
Nem de propósito, ainda na segunda-feira tive uma grande chatice no Tribunal, com o fulano que estava a patrocinar, que apareceu bêbado que nem uma carroça, de tal forma que dois militares da GNR, que por mero acaso se encontravam no átrio, se ofereceram para me levar ao carro; já tive medo muitas vezes; já disfarcei o medo outras tantas; já tive que me trancar dentro do carro e assistir, em pânico, a um fulano que desatou ao pontapé e ao murro à viatura, com a senhora Solicitadora, grávida de sete meses no lugar ao lado;
Depois faço umas piadas, brinco e satirizo as situações e acho que fica sempre tudo bem.
Mas hoje, quando li que tinha falecido o meu Distinto colega de Estarreja, que foi alvejado dentro do seu próprio gabinete, pelo marido duma cliente patrocinada numa acção de divórcio, vieram-me as lágrimas aos olhos.
É um perigo. E nós achamos que desgraças só acontecem aos outros.
Vale realmente a pena arriscar a própria vida, por esta profissão, pelos clientes, pelo sistema judicial?
Não, não vale.
Os meus mais sinceros sentimentos à família do Dr. João Melo Ferreira, ilustre Advogado, que faleceu no exercício da profissão e às mãos da intolerância.