segunda-feira, 19 de março de 2012

A entrevista do Rogério Samora

Foi preciso assistires à entrevista que o Rogério Samora deu àquele infeliz que é amigo dos jogadores da selecção, como é que ele se chama? bom, não interessa, o que quero dizer é que foi preciso estares empoleirado com esse teu corpanzil todo, no cadeirão de baloiço e assistires ás lágrimas do senhor, porque lhe morreram os amores da vida, a mãe e a avó, para que eu tivesse um sinal, assim como que uma epifania...
ali os dois, a ver o senhor debulhar-se todo em lágrimas, tu nitidamente com um nó na garganta, mas a fingir que nem estavas a ver, eu já prestes a largar a chorar, que o meu choro hoje em dia, como sabes é mais que fácil, um silêncio de cortar à faca, a ver quem mais faz de conta que as saudades dos amores da vida que já cá não estão, não matam um gajo por dentro...
depois, aquilo acaba e tu dizes: "eh pa, nem quero pensar se as minhas duas gordas me faltassem..."...
e eu, incrédula a olhar meio de lado, à espera duma tirada parva a rematar o comentário fofinho e...

nada!

ficaste-te por ali.

e quando ías a sair da sala, voltaste para trás, agarraste-me com força, com esses braços de metro e meio e deste-me beijos no cabelo.
e digo-te uma coisa, eu nem consegui dar-te beijos de volta, tal era a minha estupefacção!

estarás tu de volta? a voltar? de regresso a casa, my dear?
se calhar ainda falta, não é? estou a esticar-me.

mas foi preciso o Rogério Samora chorar na TV, para eu tomar consciência que se calhar afinal não está tudo perdido e um dia tu regressas, e és outra vez só meu filho.

foi preciso o Rogério Samora chorar na TV, para eu perceber que tenho de ficar ali, sentada à espera, naquela latitude e longitude, nas coordenadas certas do GPS, porque afinal, mesmo que vás ainda dar uma volta desgraçada e a 20 quilómetros por hora, tu já estás é de regresso a casa.

love,
mãe.

5 comentários:

Anónimo disse...

Houve alguém que um dia me disse : há que continuar a seguir-lhes os passos, na rectaguarda, indicando-lhes o caminho, eles podem andar às voltas, mas no fim seguem o caminho que lhes indicámos. Um dia eles voltam.. :)

Sylvie disse...

Houve alguém que um dia me disse : há que continuar a seguir-lhes os passos, na rectaguarda, indicando-lhes o caminho, eles podem andar às voltas, mas no fim seguem o caminho que lhes indicámos. Um dia eles voltam.. ;)

SGM disse...

Rachel, vim parar ao seu blog ontem. Fiquei fã e adicionei logo nos favoritos. Hoje, li mais um pouco de si. Temos pouca diferença de idades mas os nossos filhos têm idades muito diferentes (o meu ainda está prestes a fazer dois anos). As suas dúvidas são partilhadas por todas as mães, independentemente da idade dos filhos. E quem o negar, apenas mente a si mesma. Coragem, pois a vida nada mais é que uma viagem. Um grande beijinho e obrigada por nos deixar conhecê-la. E, já agora, não desapareça, pois eu só agora aqui cheguei!!!

Rita Carvalho disse...

Tenho tanto medo, Rachel, tanto medo... todos os dias olho para o meu, que apenas vai fazer 4 e penso em si, num posto que escreveu há tempos... mas depois, entre as lágrimas que a emoção de ler este post trouxe, há também uma réstia de esperança, e é inevitável que nos "estiquemos", tenho a certeza. Obrigada. Sinceramente, obrigada. E esperança (que dizem que é resistente!).

Carla disse...

Que bom Raquel! Anime-se!! beijinhos