durante 14 anos fui mãe de um filho só.
um filho que é um espectáculo.
um filho que durante grande parte do seu crescimento foi um outsider, um ser com uma auto-estima miserável e ainda assim um doce, um santo, um filho do melhor que há em termos de filhos.
tentámos muito, tentámos muito fazer acontecer a mudança. tentámos de tudo
durante muito tempo, pouco ou nada conseguimos fazer acontecer.
a mudança veio com a mudança de amigos.
a mudança também veio com a adolescência, mas tenho para mim, que a adolescência do meu filho, se passada no antigo colégio e com os antigos amigos, na vez de estar a ser tragico-cómica, estaria a ser verdadeiramente trágica.
a mudança veio, principalmente, com a mudança de escola.
antes da mudança e dentro dos portões dum sitio que mensalmente me custava o equivalente a um ordenado mínimo nacional, aconteceu-lhe quase tudo.
o meu filho foi insultado
o meu filho foi esmurrado
o meu filho foi pontapeado
partiram o coração ao meu filho vezes sem conta
quem?
a instituição de ensino, os colegas mais velhos, os colegas de turma e também os pais dos colegas de turma.
porquê?
porque o meu filho não é, nem nunca foi, talhado para ser carneiro, nem marrão, nem invejoso e muito menos doentiamente competitivo.
se eu queria um filho no quadro de honra?
se calhar queria.
Mas não, ESTE meu filho.
Ele é tão mais que as putas das notas altas...
e mais, o meu filho envaidece-me. Agora, não serve é para alimentar a minha vaidade.
estou-me a cagar para essa merda dos filhos estandarte.