terça-feira, 31 de maio de 2011

encontrei, nas arrumações, testes do colégio antigo...

durante 14 anos fui mãe de um filho só.
um filho que é um espectáculo.
um filho que durante grande parte do seu crescimento foi um outsider, um ser com uma auto-estima miserável e ainda assim um doce, um santo, um filho do melhor que há em termos de filhos.
tentámos muito, tentámos muito fazer acontecer a mudança. tentámos de tudo
durante muito tempo, pouco ou nada conseguimos fazer acontecer.
a mudança veio com a mudança de amigos.
a mudança também veio com a adolescência, mas tenho para mim, que a adolescência do meu filho, se passada no antigo colégio e com os antigos amigos, na vez de estar a ser tragico-cómica, estaria a ser verdadeiramente trágica.
a mudança veio, principalmente, com a mudança de escola.
antes da mudança e dentro dos portões dum sitio que mensalmente me custava o equivalente a um ordenado mínimo nacional, aconteceu-lhe quase tudo.
o meu filho foi insultado
o meu filho foi esmurrado
o meu filho foi pontapeado
partiram o coração ao meu filho vezes sem conta
quem?
a instituição de ensino, os colegas mais velhos, os colegas de turma e também os pais dos colegas de turma.
porquê?
porque o meu filho não é, nem nunca foi, talhado para ser carneiro, nem marrão, nem invejoso e muito menos doentiamente competitivo.
se eu queria um filho no quadro de honra?
se calhar queria.
Mas não, ESTE meu filho.
Ele é tão mais que as putas das notas altas...

e mais, o meu filho envaidece-me. Agora, não serve é para alimentar a minha vaidade.
estou-me a cagar para essa merda dos filhos estandarte.

4 comentários:

Sara disse...

Rachel, não tenho filhos, mas concordo inteiramente contigo. Caga para essa gente mesquinha!! Não valem um chavelho... Patetas.

pipinhaeheh disse...

Eu acho q hoje em dia os pais muitas vezes inscrevem os filhos em colégios carissimos pq dá um status muito maior do q andar na escola pública, querem que eles sejam os alunos brilhantes a todo o custo, nem que para isso seja preciso pagar mais uns dinheiros para lhes subir as notas, depois tb há aqueles colégios em que os miúdos têm mesmo que ir na "carneirada" terem notas excelentes nem que n tenham tempo para mais nada. Eu gostava muito que os meus filhos fossem excelentes alunos e que gostassem da escola, neste momento ainda s ambos mt pequenos para saber, mas acima de tudo quero que sejam felizes. Que sejam ambiciosos, estudiosos, que façam o melhor que puderem, mas têm que saber que acima de tudo está a felicidade deles e não o q os pais querem para eles. Quantos médicos frustrados temos nós só pq foram para Medicina pq os papás quiseram e n por própria vocação? Serão estes bons profissionais? Para mim é ridiculo algumas pessoas q ainda têm o bebés na barriga e já estão a inscrevê-los em colégios chiquérrimos com dois anos de lista de espera. Mas isso sou eu.
É muito dificil para um miudo ser diferente, os pp miudos encarregam-se de lhes fazer a vida negra, mas acho q é nisso que se vê as grandes pessoas, no ser diferente.
Muitas felicidades para o teu filho,que ele encontre o caminho pp dele, eu tenho muito medo do q espera os meus. O nosso coração fica apertadinho a ver certas noticias... Beijinhos

Dança dos Dias disse...

Lamento sinceramente pelo teu filhote. E por ti. Nestes casos, sofrem todos. Nem imagino o que possas sentir como mãe...
É uma verdade, as crianças sempre foram cruéis entre si. Na turma, sempre existiu "o gordo", "a caixa de óculos", "o porta-chaves" e todas as alcunhas mais ou menos depreciativas que a imaginação deles conseguisse alcançar. Da minha parte, como era franzina e pequena, coube-me ser, uma ou outra vez, "a mascote" ou "o porta-chaves", coisa que nem me aborrecia particularmente. Esporadicamente, aquando de algum desentendimento mais grave, lá surgia uma ou outra cena de pancadaria, mas nada que exigisse grandes cuidados ou merecesse particular atenção da parte dos pais e/ou professores. Isto porquê? Porque, há uns anos atrás, havia regras. Havia disciplina. Havia, acima de tudo, respeito. As crianças, apesar de todas as birras próprias da idade, sabiam que havia um limite. Sabiam que para cada acção haveria uma consequência.
Não é isso que se tem passado nos anos que correm. Por mais que custe admitir, a culpa é dos próprios pais. Acalentam birras, não sabem que dizer "Não." é muito mais importante que dizer "Sim." e cedem às chatagens emocionais dos pequenos. Porque eles sabem perfeitamente como chantagear. Sabem que fazendo uma cena de guinchos e choro em que há tanta baba e ranho que mais parece que o mundo vai acabar, há probabilidade de haver uma cedência por parte dos pais. E basta ceder uma vez para que cenas deste tipo se tornem recorrentes. Não é invulgar ver miúdos a chorar e espernear no chão de um hipermercado, porque querem este ou aquele brinquedo, Quero, quero, queeeeero!, e cabe aos pais, enquanto educadores, ter discernimento e bom-senso. Uns cedem. Outros não.
Estes pequenos "birras", os que nunca ouvem um "Não.", porque para os pais é mais fácil ceder do que aguentar cenas de guinchos, tranformam-se em monstrinhos. Sâo estes que, numa fase um pouco mais avançada, agridem e desrespeitam colegas e professores.
Dar uma palmadinha num "birra"? Quê? Então e depois o piqueno, tadinho, ia crescer traumatizado para o resto da vidinha? Ai não, não pode ser!
Alguns pais têm a mania que são "bué" amigos dos filhos. Esquecem-se duma merda essencial: os pais devem ser amigos dos filhos, sim senhor, mas, antes disso, são pais. O seu dever é educá-los e formá-los. Impôr regras. Estabelecer limites. Dizer "Não." quando preciso for. Ensinar-lhes o que é o respeito pelo próximo. Ensinar-lhes que a sua liberdade acaba onde a liberdade do outro começa.
Ainda não sou mãe. Não sei se, vindo a sê-lo, exercerei bem o meu papel. Uma coisa sei, se não for uma boa mãe, não será por estes motivos.

Um beijo grande para ti, outro para o teu piqueno e agora tenho que me fazer à vida.

Desculpa o comentário-testamento.

Anónimo disse...

Gostei imenso de ler este post. Quem dera todos os pais pensassem assim, o mundo teria muito mais pessoas felizes.
Recomendo um livro que acho que o teu filho vai adorar: "35 kilos de esperança" da Anna Gavalda.
Cláudia