sexta-feira, 8 de julho de 2011

Ainda hoje de manhã (muito de manhã) no ginasio, me dizia a minha amiga: pôrra pá, mas tu já pariste dois filhos...

e depois uma pessoa pensa: olha que bem, vou escrever sobre isso, sobre como mesmo que magras e arranjadinhas o corpo muda e nunca mais é a mesma coisa (mas que caralho, tenho 36 anos e dois filhos paridos!), mas ligamos o reader e constatamos que já ALGUÉM escreveu sobre isso e descreveu a cena em condições, e sendo assim, em vez de estar aqui a esforçar-me, com a intima convicção de nunca conseguir chegar aos calcanhares e expressar-me de maneira, sequer, parecida, opto pela solução mais digna para a minha pessoa, que é fazer copy/past do texto, com o devido link para a:
quem mais?


Voltei a caber na 38. Voltei a comprar vestidos curtos. Voltei a pesar 57 quilos. Mas não voltei ao meu corpo. Explico-me. As minha mamas, as desgraçadas, não são nem a sombra do que foram num passado glorioso, aquelas mamas soberbas que tantas alegrias me deram. Nada, uma pena, maravilhas da maternidade, do aleitamento materno e da puta da gravidade. E tenho na barriga uma bóia de banha com todo o aspecto de querer ficar-se instalada com carácter permanente, a ordinária. Ah, e as ancas alargaram. Desta não estava à espera. Nem sei que dizer em relação às minhas ancas novas, nem se gosto, se desgosto, ainda nos estamos a conhecer, dêem-nos tempo. Ou seja, tenho um corpo antigo cheio de aplicações novas. Mas, olha, estou contente. Vejo-me ao espelho dentro deste vestidinho novo que comprei a semana passada na Zara por, acho, trinta e tal euros, e acho-me gira, mesmo gira. Ora se eu marco 36 anos no BI e pari dois filhos, porque carga de água o meu corpo deveria ter 25? Sim, claro, posso matar-me a spinning e a disparatadas corridas de duas horas à volta do Retiro, puxar as mamas para cima, besuntar-me com cremes anti-idade, recachutar-me e remodelar-me, mas o meu corpo continuaria com 36 anos. Posso voltar a pagar 140 aurélios por duas aulas semanais de pilates, mas a quem quero enganar? Quero parecer a idade que tenho. Não quero ser a Demi Moore, nem a Sharon Stone, que, desculpem-me, não estão nada bem para a idade que têm porque elas odeiam (por muito que confessem às Vogues e Elles o sábias que se sentem) ser velhas, têm horror dos braços flácidos e das rugas do pescoço. E isso não é estar bem, é ser-se muito infeliz com o corpo, com o esqueleto que nos sustenta. É ser-se escravo de uma fantasia absurda. E eu não quero que essa fantasia me persiga quando fizer 40 anos e a celulite acampar alegremente nas coxas, ou quando aos 50 as minhas mãos apresentarem rugas e manchas. Não é resignação, é aprender a sorrir todos os dias quando me olho ao espelho.

1 comentário:

Anónimo disse...

E a verdade é que um corpo com mais de quarenta, com marcas da idade (não dos filhos, que não os tive) que também não me esforço por apagar embora vá tendo uns cuidados para a coisa não se tornar dramática, pode dar-nos tudo ou muito mais (importante) do que o que nos dava aos vinte. Acreditem que sei bem do que falo.
Cláudia