sexta-feira, 11 de julho de 2008

Apetece-me gritar: LAMEEEEENTO!!


Há uns dias, na viajem de regresso a casa, depois do trabalho, em conversa com uma grande amiga, falávamos do que nos aconteceu com o passar dos anos e a repercussão que isso teve nas nossas vidas.

Eu contava-lhe que me incomoda, cada vez mais, a atitude reprovadora, que certas pessoas têm para comigo, agora que tenho 33 anos e sou “sôtora”.

Confidenciava-lhe que me incomoda deveras o facto de ser um dado adquirido que, a partir de uma certa idade e atingidos que foram alguns níveis de responsabilidade ao nível profissional, pessoal e familiar, temos necessariamente de deixar de sermos NÓS.

Note-se que eu não quero voltar a ter 18 anos, nem 20, nem 25 sequer…
Nem quero vestir t-shirts curtinhas, nem fazer tatoos e piercings, nem passar o dia nas esplanadas, sem fazer nenhum.

Mas também não quero ser manietada, constrangida, despojada daquilo que sou e fui e que pautou, desde sempre a minha individualidade e o meu temperamento.

Sempre fui intempestiva, extrovertida, de gargalhada fácil, com um espírito um tanto desenfreado, (sem ser libertino!), mas era por essas e outras características que as pessoas gostavam de mim, ou não.
Nunca fiz questão de agradar a gregos e troianos.
Quem gosta, tudo bem, quem não gosta, deixa na beirinha do prato.
Não faço favores, não faço grandes fretes e tenho pouca paciência para a convivência vazia e circunstancial.

No entanto, tenho vindo a notar que certas pessoas me dizem, amiúde, coisas do género:
“Deixa-te lá de circos, já tens idade para ter juizinho”, “Comporta-te”, “pareces uma miúda”, “vais ao concerto? Isso é para putos!”, “vais onde? Bem, se algum cliente teu te vê nessas figuras…” “não digas asneiras, és uma senhora”…
E se calhar, pior ainda, são os olhares reprovadores, com um acenar negativo da cabeça, quando estamos em amena cavaqueira entre amigos.

Mas eu só digo, meus amigos:

Levo muitíssimo a sério a minha actividade profissional;
Sou cumpridora, até ao limite do razoável, de tudo o que é responsabilidade conectada com o que faço;
Trabalho 10 a 12 horas por dia a maior parte dos dias, fins-de-semana incluídos, sem contar com o tempo que perco com os 100 Km diários, que faço só para chegar ao escritório;
Fico exasperada com a desordem e falta de profissionalismo;
Quando é para trabalhar, ninguém me vê os dentes, sou de poucas falas e de sorriso difícil. Até porque os clientes foram feitos para nos pagar os serviços prestados e não para serem nossos amigalhaços.
Sou até muito decente, como cozinheira e “dona de casa”;
E sou mãe implacável, quando as circunstâncias o exigem,

Mas… principalmente:

Adoro rir-me à gargalhada;
Gosto de conversas relaxadas, informais, mas sumarentas;
Gosto de ouvir musica aos berros, enquanto conduzo:
Gosto de ouvir conversas na rádio e quando possível, entrar nelas;
Gosto de cantar desafinadamente, as músicas do MP3 do meu filho;
Gosto de me rir até ao limite da dor na barriga, com os sketchs de humor e depois recriá-los com o meu filho;
Gosto de escrever neste Blog, mesmo quando me dizem: “o quê, tens tempo para essas merdas?”
Gosto de ter o meu perfil no Hi5 e no MySpace;
E nada, mas mesmo NADA, exorciza melhor as minhas frustrações que um sentido FÔDA-SE!!!

Por isso,
LAMENTO, Eu sou assim!
LAMENTO, mas o resto é só aquilo que faço.
LAMENTO, mas não me vou transmutar numa coisa amorfa, cinzenta e indistinta, pelo simples facto de ter 33 anos e ser Advogada.

3 comentários:

Anónimo disse...

É so para avisar que o nosso blog voltou!

http://associacaocontraasgajas.blogspot.com/

Miguel F. Carvalho disse...

gostei muito do "e principalmente gosto de..." - acho que é isto que nos diferencia dos tipos chatos que têm a nossa idade mas parecem nosso avôs.

muito bom!!!

Quebra Ossos disse...

Assim é que se fala amiga!
já agora como posso ver o teu espaço no hi5?