Ficou viúva com 30 e poucos, tinha a minha mãe 5 e o meu tio 3 anos.
Foi de longe a melhor cozinheira de toda a humanidade.
Tinha um talento desmedido, fosse na decoração de bolos, na montagem de presépios, ou nos vestidos, que era a sua arte.
Desde que me lembro de ser gente, que amiúde e por largas temporadas, eu ficava na Rua Dias Ferreira, em Coimbra, em casa da minha avó.
A primeira vez que parti a cabeça, foi no Choupal, a fugir dela. (Ainda levei uma tareia por cima, para aprender a portar-me como uma menina e não como um rapaz enfurecido.)
Foi com ela que aprendi a fazer o pino, na areia da praia da Ilha de Faro, tinha a minha avó uns setenta e tal anos.
Eu cobrava dinheiro aos meus amigos de férias, para mostrar a minha avó a fazer o pino! Rendia mais, que vender bilhetes para ver um porco a andar de bicicleta.
Quando estava em casa dela, a alvorada, para todos sem excepção, era ás 7h da manhã.
Foi de longe a melhor cozinheira de toda a humanidade.
Tinha um talento desmedido, fosse na decoração de bolos, na montagem de presépios, ou nos vestidos, que era a sua arte.
Desde que me lembro de ser gente, que amiúde e por largas temporadas, eu ficava na Rua Dias Ferreira, em Coimbra, em casa da minha avó.
A primeira vez que parti a cabeça, foi no Choupal, a fugir dela. (Ainda levei uma tareia por cima, para aprender a portar-me como uma menina e não como um rapaz enfurecido.)
Foi com ela que aprendi a fazer o pino, na areia da praia da Ilha de Faro, tinha a minha avó uns setenta e tal anos.
Eu cobrava dinheiro aos meus amigos de férias, para mostrar a minha avó a fazer o pino! Rendia mais, que vender bilhetes para ver um porco a andar de bicicleta.
Quando estava em casa dela, a alvorada, para todos sem excepção, era ás 7h da manhã.
Todos os dias a minha avó ía à Praça, ás 7 da madrugada, Senhor!
E todos os dias subia aquelas ladeiras desgraçadas de íngremes, desde a Rua da Sofia até à Dias Ferreira, cheia de sacos, carregada que nem uma mula, com comida que dava para alimentar dois regimentos.
Um dia, ofereceram-lhe um carrinho para as compras, para não subir aquilo tudo, carregadinha. Da vez seguinte que lá fui, ela continuava a carregar os 50 sacos que trazia da praça.
Porquê, Avó? Valha-me Deus, levamos o carrinho.
Só se fores tu, que a mim dá-me nos nervos essa geringonça, só me atrapalha.
Foi a única avó que conheci.
Não era avó de muitos mimos. Ou pelo menos de mimos exagerados e gritantes.
Ensinou-me a cozinhar, a bordar, a coser, a fazer bainhas, a fazer manjericos de comer, o vaso era esculpido em bocadinhos de cenoura e a folha era esparregado, fazia-os pequenininhos, de comer de uma só vez.
Aprendi a pintar paredes com ela e a desentupir canos, também.
A primeira manta de pacthwork fiz com ela, mas para a minha avó aquilo era uma manta de retalhos…
Há 13 anos ainda me fez quase todo enxoval do meu filho. Um mosquiteiro soberbo para o berço, lençóis em linho que ela foi desencantar sabe-se lá onde e que bordou, mantas e colchas e sei lá mais quantas coisas!
Há 13 anos, estragou o meu filho com mimos. Tadinho do menino que é pequenino. Dá-o cá para o meu colo que ele não gosta nada desse berço.
Tem hoje 97 anos.
E a vida está a ir-se dela embora. Devagarinho, serenamente.
A minha irmã veio do Alentejo, o meu tio está a chegar de Coimbra, para aquilo que deve ser a ultima reunião.
E eu, besta ordinária e egotista, choro que nem uma doida, porque só queria que ela conhecesse a minha filha.
Avó, aguenta até Julho.
E todos os dias subia aquelas ladeiras desgraçadas de íngremes, desde a Rua da Sofia até à Dias Ferreira, cheia de sacos, carregada que nem uma mula, com comida que dava para alimentar dois regimentos.
Um dia, ofereceram-lhe um carrinho para as compras, para não subir aquilo tudo, carregadinha. Da vez seguinte que lá fui, ela continuava a carregar os 50 sacos que trazia da praça.
Porquê, Avó? Valha-me Deus, levamos o carrinho.
Só se fores tu, que a mim dá-me nos nervos essa geringonça, só me atrapalha.
Foi a única avó que conheci.
Não era avó de muitos mimos. Ou pelo menos de mimos exagerados e gritantes.
Ensinou-me a cozinhar, a bordar, a coser, a fazer bainhas, a fazer manjericos de comer, o vaso era esculpido em bocadinhos de cenoura e a folha era esparregado, fazia-os pequenininhos, de comer de uma só vez.
Aprendi a pintar paredes com ela e a desentupir canos, também.
A primeira manta de pacthwork fiz com ela, mas para a minha avó aquilo era uma manta de retalhos…
Há 13 anos ainda me fez quase todo enxoval do meu filho. Um mosquiteiro soberbo para o berço, lençóis em linho que ela foi desencantar sabe-se lá onde e que bordou, mantas e colchas e sei lá mais quantas coisas!
Há 13 anos, estragou o meu filho com mimos. Tadinho do menino que é pequenino. Dá-o cá para o meu colo que ele não gosta nada desse berço.
Tem hoje 97 anos.
E a vida está a ir-se dela embora. Devagarinho, serenamente.
A minha irmã veio do Alentejo, o meu tio está a chegar de Coimbra, para aquilo que deve ser a ultima reunião.
E eu, besta ordinária e egotista, choro que nem uma doida, porque só queria que ela conhecesse a minha filha.
Avó, aguenta até Julho.
5 comentários:
:(
Beijinho grande, Rachel
Obrigadinha!
Infelizmente está quase.
Muitos beijos. Isto de ler os posts pela ordem contrária dá nisto. Muitos, muitos beijos.
chego tarde, espero que não demasiado tarde, para que receba um beijo meu, sincero.
SSV,
Não, grande querida, graças a Deus não chegas tarde, ela ainda se está a aguentar, contra todas as mais positivas expectativas.
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