Em sequência do post anterior, apraz-me dizer que sempre fui contra facilitismos e demasiada benevolência.
Como fui mãe aos 20, tive que multiplicar isso pelo menos por 4 vezes.
Daí ter posto o meu filho a estudar num colégio, de grande referência no Porto, que está no Ranking, pelas melhores razões e que me pareceu, na altura, que para além de ajudar o meu filho a ter hábitos de estudo e responsabilidade, ajudaria nesta senda que é, formar um ser humano em condições, nos tempos que correm.
O meu filho tem 13 e eu 33, de vez em quando é natural que confunda a mãe com outra gaja qualquer, mas eu sempre fiz muita questão que ele soubesse bem, a linha que separa a amizade entre pais e filhos e a puta da bandalheira.
Já lhe disse um milhão de vezes que eu sou mãe dele e não colega de escola.
E mesmo amiga, não será no sentido que atribuímos aos nossos amigos.
Eu não quero ser melhor amiga do meu filho! Para isso ele tem os pré-adolescentes como ele, isso é que é natural e dá saúdinha, caso contrário, dá em jovens adultos com graves complexo de Édipo.
Eu sou mãe dele e a minha obrigação é amá-lo incondicionalmente e zelar pelo bem estar e crescimento, pela formação, pelos valores e se isso implicar fazer-lhe a vida num inferno com castigos e ralhetes, meu amigo, lá terá que ser, é porque merece e só se perdem as que caírem no chão.
Bom, mas isso não invalida o que eu sinto pelo meu filho.
É meu filho! Amo-o mais que a vida, é a minha vida!
E acho o meu filho lindo de morrer, podia ser feio e eu dizia que ele era bonito na mesma, porque é meu filho, mas não, o meu filho é mesmo lindo!!
É puro, tem um sentido de humor invulgar e um coração de ouro.
Não pode ver animais abandonados, crianças em apuros, velhinhos sozinhos, é educadíssimo e ás vezes, demasiado adulto.
O meu filho sempre foi um menino muito especial, em relação aos afectos.
Vive intensamente as situações e fica tristíssimo quando lhe tiram o tapete ou o “ofendem”.
E isto tudo para dizer o quê, que isto até já perece um baby-blog!
Na semana passada notei que ele andava cabisbaixo, sisudo, tristonho e na quinta feira fui dar com ele metido na cama ás 7 da tarde, a chorar.
Pensei, “pronto, tirou negativa a alguma coisa.”
Não. Havia uma festa de anos de uns colegas da turma, no dia seguinte e ele foi o único menino a não ser convidado.
Perguntei-lhe se sabia porquê e ele disse que lhes tinha perguntado.
(É mesmo do meu filho! Quer dizer, apercebe-se que há uma festa, que não foi convidado e com a frontalidade que lhe é conhecida e pureza de coração, foi perguntar porque é que não tinha convite.)
Resposta: “Nós gostávamos que tu fosses, mas a minha mãe não deixa, porque no ano passado tivemos que te emprestar os resumos que fazíamos, para tu melhorares as notas.
A minha mãe não deixa que tu vás, porque não és bom aluno.”
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Eu morri naquele instante.
Ver o meu filho a chorar, absolutamente consciente da puta da segregação que está a ser alvo, deu-me um nó na garganta tal, que não desatei a descabelar-me toda e chorar, porque não podia fazê-lo à frente dele.
Isto é a mais patente e flagrante prova da crise de valores que se faz sentir, meus amigos!
Queira Deus, que essa senhora nunca se arrependa da barbaridade que fez com o meu filho ao segregá-lo da forma mais violenta e castrante que imaginar, se pode.
Essa senhora não conhece o meu filho, que género de menino ele é, no entanto, porque não é aluno de 5's, colou-lhe um rótulo ediondo, como se ele fosse um marginal.
Deus permita que essa mãe não esteja a criar dois Hitlerzinhos, absolutamente convencidos que são os maiores do mundo, porque tiram 5 a tudo.
Nossa Senhora lhe valha quando esses meninos acordarem e descobrirem que o mundo não é só o cabrão do colégio e que a dignidade, não se mede ás notas e que há todo um planeta cheio de pessoas que nunca tiraram um 5 na puta da vida e que são seres humanos extraordinários!
Eu, que sou a mãe mais “vil”, nas palavras do meu filho, que como disse em cima não sou dada a facilitismos, nem benevolências, nem grandes confianças, só me apetece metê-lo debaixo da minha asa, aconchegá-lo e dizer-lhe que ele é um guerreiro e tem nome sonante, de Gonçalo, O GRANDE!
(Isso e partir a boca toda a essa senhora)